segunda-feira, 1 de setembro de 2008

PESQUISA DATAFOLHA EM SP MANIPULADA PRÓ-SERRA

O Blog “Cidadania”, de Eduardo Guimarães, postou ontem esta interessante análise da manipulação das pesquisas DATAFOLHA com interesses políticos escusos:

DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ

“Faz tempo que se supõe que o golpe da “margem de erro” em pesquisas de intenção de voto é aplicado no Brasil, sobretudo quando a pesquisa envolve tucanos e petistas e quando o instituto é o Datafolha, que pertence ao mesmo grupo empresarial que, mais do que trabalhar incansavelmente para favorecer o PSDB, atende às determinações do governador José Serra.

Não faz nem uma semana que a última pesquisa desse instituto sobre a sucessão municipal em São Paulo foi divulgada. Seis dias depois, sai nova pesquisa.

Na edição deste sábado da Folha de São Paulo, a manchete principal de primeira página diz que “Marta lidera” e que “Alckmin pára de cair”.

A nova pesquisa Datafolha aponta queda de dois pontos percentuais nas intenções de voto de Marta, subida de dois pontos de Kassab e que Alckmin permaneceu com o mesmo percentual de seis dias antes. A “margem de erro da pesquisa” é de três pontos percentuais.

O último Datafolha promoveu uma hecatombe na campanha do tucano Geraldo Alckmin. Este despencara, o prefeito Gilberto Kassab crescera alguns poucos pontos percentuais – sem, no entanto, mostrar que teria chance significativa de vencer a eleição – e Marta Suplicy havia disparado.

Em todas as eleições dos últimos anos nas quais petistas e tucanos protagonizaram a disputa mais significativa em nível federal, e nas quais o candidato do PT venceu, a dimensão da vitória sempre acabou sendo maior nas pesquisas de última hora.

Isso se explica pela teoria desses institutos de pesquisa de acordo com a qual as sondagens criariam uma espécie de “efeito manada”, que levaria parte do eleitorado a votar em quem está na frente ou em quem a dinâmica das pesquisas sucessivas mostra que está subindo. Por isso é divulgado sempre quem a população acha que vencerá a eleição.

Uma eventual vitória de Marta Suplicy é considerada como um golpe violento nas pretensões de José Serra de se eleger presidente em 2010. É bom repetir que o governador manda na Folha e, portanto, no Datafolha.

Os institutos de pesquisa brasileiros procuram zelar pelos seus nomes. Temem, acima de tudo, o descrédito. É por isso que, no Brasil, as pesquisas são bem menos falsificadas do que em países vizinhos. Como na Venezuela, por exemplo, em que as pesquisas contrárias ao presidente Hugo Chávez chegam a apresentar diferenças enormes em relação ao resultado da eleição.

Nesse aspecto, no Brasil a “margem de erro” funciona como ferramenta para tentar influir na tendência do eleitorado até a última hora da campanha, quando, então, resultados mais próximos do real são divulgados. Foi assim com Lula nas duas últimas eleições que disputou, por exemplo.

Alckmin, que quando saiu a pesquisa da semana passada tratou de menosprezá-la, passou a dizer, antes da pesquisa divulgada hoje, que “não briga com pesquisas”...

A campanha de Marta Suplicy faria muito bem se tratasse de contratar algum instituto de pesquisa que, à diferença de um Datafolha, por exemplo, não estivesse ligado a grupos políticos e que lhe pareça confiável.

Se o resultado das sondagens desse instituto confirmar os números que vêm sendo divulgados, servirá de alerta para o comando da campanha de Marta, mas acho bem possível que o resultado venha a mostrar um quadro diferente, provavelmente no limite da tal “margem de erro”.

É claro que se uma eventual estratégia de influenciar o eleitorado, da maneira que descrevi acima, não colar, ou seja, se nas próximas sondagens não se verificar uma inversão real da tendência que vinha vigendo até aqui, o Datafolha e assemelhados terão que pular fora desse barco. Mas ninguém garante que o "efeito manada" não ocorrerá.

Como costumam dizer os hispânicos latino-americanos: “Hay que ponerles ojo!”

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