A agência norte-americana de notícias Reuters ontem publicou a seguinte matéria de Guido Nejamkis, com reportagem adicional de Ana Isabel Martínez, Damián Wroclavsky, Pascal Fletcher e Patrick Markey (li no UOL):
“Port of Spain (Reuters) - A América Latina dirá aos Estados Unidos que rejeita a imposição de condições para o retorno de Cuba ao sistema interamericano, mas será majoritariamente favorável à proposta dos EUA de impulsionar a cooperação para enfrentar a crise econômica.
Antes de chegar a Trinidad e Tobago para participar de uma cúpula com outros 33 governantes das Américas -- todos menos o de Cuba --, Obama pediu a seus colegas do continente o apoio à promoção da liberdade, da democracia e dos direitos humanos na ilha de governo comunista.
A secretária de Estado Hillary Clinton indicou que "gostaríamos de ver Cuba abrir sua sociedade, libertar os presos políticos, abrir-se a opiniões e meios de comunicação de fora do país e ter o tipo de sociedade que todos sabemos que fomentaria as oportunidades dos cubanos."
Mas os líderes latino-americanos que vão abordar o assunto diante de Obama vão pedir que Cuba volte a fazer parte do sistema interamericano, do qual foi suspensa em 1962, sem condições prévias, evitando discussões sobre os assuntos internos da ilha, disseram diplomatas da região à Reuters.
"É preciso trazer Cuba de volta às deliberações", disse um diplomata brasileiro de alto escalão. "Não devemos fixar condições para esse retorno."
O diplomata opinou que a região não pode fazer exigências sobre processos internos cubanos, mas disse também que "qualquer objetivo relativo a assuntos internos de Cuba deve ser tratado com discrição, senão será colocado em risco."
No sábado, Obama vai se reunir separadamente com presidentes sul-americanos, em reuniões previstas à margem dos debates da cúpula principal.
"A política de bloqueio a Cuba fracassou por completo", declarou o subsecretário de Política Latino-Americana da chancelaria da Argentina, Agustín Colombo Sierra.
A América Latina tem relações normais com Havana, enquanto os EUA mantêm um embargo comercial à ilha que Obama reduziu recentemente. Foi o primeiro passo para uma esperada normalização dos laços dos EUA com Cuba.
Na Venezuela, onde participou de uma reunião de dirigentes de esquerda, o presidente de Cuba, Raúl Castro, também enviou um sinal de distensão, dizendo que seu país está aberto a discussões com os Estados Unidos sobre "tudo", incluindo a situação dos presos políticos.
A situação de Cuba, único país do continente americano que não integra a Organização dos Estados Americanos (OEA) nem participa das cúpulas dos presidentes do hemisfério ocidental, dominou as conversas dos diplomatas antes da 5a Cúpula das Américas, que acontece entre sexta e domingo em Trinidad e Tobago.
O secretário geral da OEA, José Miguel Insulza, qualificou de "inútil" e "obsoleta" a resolução de 1962 que suspendeu Cuba do organismo por fazer parte do "eixo sinossoviético", mas esclareceu que a revogação da resolução só poderá ser decidida numa assembléia-geral da OEA."
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