sábado, 18 de abril de 2009

UM DEBATE ACALORADO SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DA TELEFONIA

Li hoje no site “Vi o mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha, o seguinte texto:

“Começou com a reclamação de um colega de trabalho, que desistiu da Telefonica depois da recente pane no serviço do Speedy. É uma característica dos "serviços" no Brasil, que desafiam a modernização: falhas, péssimo atendimento telefônico -- quando existe --, desleixo com o consumidor e um preço relativamente salgado.

Esse estado de coisas quase não aparece no jornal, nem na televisão. Não há "apagão" da telefonia, nem da internet. Haveria, com certeza, se os serviços fossem estatais. Afinal, o papel da mídia é justamente esse: promover as negociatas através das quais os sócios, parceiros ou patrocinadores lucram às custas de dinheiro público.

Os defensores da privatização dizem que seria pior se os serviços fossem estatizados. Argumentam que haveria menor concorrência. E que a máquina estatal ficaria inchada de apaniguados do governo de turno. É, de fato, um risco.

Os problemas foram identificados por alguns leitores. O Paulo Ramos, que mora em Campo Grande, disse que há dois anos tenta instalar banda larga em casa, mas recebe da operadora a informação de que não existe "suporte técnico". Pode ser um sintoma clássico da privatização: as empresas investem dinheiro nas regiões onde podem conseguir maior retorno.

A Ana Cruz lembrou: "O brasileiro é o consumidor que tem os maiores custos quando o assunto é o uso do celular. O cenário é apontado pelo levantamento da União Internacional de Telecomunicações, a UIT".

O Romanelli apresentou uma tabela mostrando que a assinatura fixa, que custava 89 centavos em 1995, passou a 40 reais e 50 centavos em julho de 2008, um aumento de 4.800% contra 247% do IGP. Segundo ele, "prova provada de que os novos donos (estatal espanhola) não colocaram dinheiro novo aqui, pois os liberais libertinos permitiram que os novos investimentos fossem repassados ao povo pelos novos corsários".

Luiz Alphapluis, autor do artigo sobre a cratera da telefonia que deu origem ao debate, comentou: "Tenho telefone da NET e também passei semanas cronometrando quanto tempo ficava ao telefone escutando musiquinha. [...] Só consegui ser atendido quando entrei na opção de cancelamento da assinatura. Só assim eles me ouviram".

A Érica trouxe uma série de reclamações. Uma das mais relevantes, em minha opinião, diz respeito à tarifa para ligações dentro da mesma área, a de DDD 19. Ela diz que se vê "obrigada a fazer ligações interurbanas para cidades que [ficam] entre 5 e 20 quilômetros de distância. [...] Pago valores absurdos".

O Roberto Jr. lembra que "a Telefonica é campeã de reclamações e considerada a pior prestadora de serrviços em TODOS os países da América Latina onde atua".

O José Carlos Lima fala das cidades onde nenhum orelhão está funcionando e cita três, no Maranhão: Balsas, São Raimundo das Mangabeiras e Sambaíba. Mais uma vez, é a lógica das empresas que investem apenas onde o retorno é garantido. O José Carlos também traz o Daniel Dantas para o assunto: "Daniel Dantas além de conseguir essa bocada maravilhosa ainda emplacou na compra a cláusula do reajuste dos serviços pela correção monetária o que quer dizer que as empresas de telefonia tem seus serviços reajustados mesmo que não preguem um prego numa barra de sabão".

O Raphael Garcia resumiu sua opinião: "Em tradução livre, podemos dizer que qualquer falha que esteja ocorrendo é simplesmente reflexo do serviço ridículo prestado pela companhia que investe em propaganda de maneira incessante mas não na qualidade de seus serviços. O que mais impressiona é que a ANATEL não faz NADA!".

Manoel, de Londrina, lembra que na cidade a telefonia continua sendo pública: "Foi das primeiras cidades do Brasil a ter celular digital. Tem um número absurdo de linhas fixas, orelhões e a banda larga funciona. A antiga Global Telecom (hoje Vivo) instalou uma matriz em Londrina. Dizia-se a boca pequena que era pra trucidar a Sercomtel com um choque de competência privada. Jamais chegou sequer a arranhar a concorrência da empresa pública". Ele diz que um plebiscito na cidade rejeitou a venda da área de celulares da empresa à operadora Tim.

"Se você quer defender a Telefonica e outros pilantras, problema seu Dvo"arak. Mas ao menos cobre pelos serviços, né meu?", escreveu o Manoel.

Foi uma referência ao leitor Dvorak, que o João Bravo desconfia ser o Fernando Henrique Cardoso ou eu, Azenha. Não. Não sou o John Bastos, nem o Dvorak, que escreveu: "Bom seria continuar como era no passado, ou seja, quando a linha telefonica era considerada um bem e poucos tinham condições de possuir uma, e era, inclusive, declarada no Imposto de Renda. A Anatel tem que fiscalizar e cobrar das empresas de telefonia um serviço decente".

Eduardo Nascimento, que diz ter vivido o processo de privatização, afirmou que "as teles eram um cabidaço de empregos; viravam de ponta-cabeças quando havia mudança de governo; quando havia expansão em alguma central, caciques compravam uma cota de telefones e lucravam horrores com a venda da linha e das ações; os clientes davam graças a Deus quando aguardavam apenas um ou dois anos pelo terminal".

Para Roberto Locatelli, no entanto, não foi bem assim:
"O governo da época (FHC) sabia que esse estrangulamento da telefonia iria acabar [por causa das novas tecnologias].", escreveu ele. "A verdade é que a telefonia iria mesmo dar esse salto. Só que seria patrimônio da nação. Com a privatização, o salto resultou numa drástica perda de qualidade. E a telefonia é um patrimônio... de Daniel Lex Luthor Dantas e outros 'empresários' do mesmo naipe".

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