Por Eduardo Guimarães
“Há duas semanas este Blog [“Cidadania”] publicou entrevista com Mauro Paulino, diretor do “instituto Datafolha”,
sobre dúvidas que surgiram na Blogosfera sobre a última pesquisa daquele
instituto sobre a imagem da presidente Dilma Rousseff e sobre a corrida para a
sucessão presidencial.
Segundo alguns blogs, o “Datafolha” teria usado dados distorcidos sobre
escolaridade dos entrevistados por diferirem dos dados oficiais do Tribunal
Superior Eleitoral sobre o eleitorado. E como a pesquisa foi eleitoral,
haveria, aí, uma dúvida sobre sua veracidade.
O diretor do “Datafolha” argumentou que os dados do TSE são defasados e
que, pela sua própria metodologia, o instituto constatou forte queda da
presidente em todos os estratos sociais, regiões do país e em todas as faixas
etárias e de gênero.
Surgiu, na terça-feira, pesquisa da “Confederação Nacional dos Transportes”
(a 114ª) que deixou de ser feita com o “instituto Sensus” e agora se vale do “instituto
MDA”. Essa pesquisa acaba confirmando o “Datafolha”, em larga medida.
Agora, o diretor do “instituto Vox Populi”, doutor Marcos Coimbra, fala
ao blog [Cidadania] sobre a metodologia do “Datafolha”, que considera errada, e
sobre o quadro político, manifestações e sobre as eleições de 2014.
A longa entrevista, que durou cerca de uma hora, você confere abaixo.
Blog da Cidadania – Doutor Marcos, é um prazer conversar com o
senhor. Há muito tempo espero por essa oportunidade porque sou fã de seus
artigos e também – por vir acompanhando
pesquisas há anos – do trabalho do instituto Vox Populi.
Marcos Coimbra –
Eduardo, a admiração é recíproca porque também sou seu leitor e admiro muito o
seu trabalho.
Blog da Cidadania – Obrigado, doutor Marcos. É muito bom saber
disso. Quero, então, pedir ao senhor que comente a pesquisa Datafolha divulgada
recentemente e também a pesquisa MDA, feita para a Confederação Nacional dos
Transportes e divulgada na última terça-feira.
Ambas mostraram pronunciada queda de aprovação da
presidente Dilma Rousseff. Nesse aspecto, também peço seus comentários sobre a
explicação que o diretor do Datafolha, doutor Mauro Paulino, deu a dúvidas que
surgiram sobre a amostragem do nível de escolaridade de seus entrevistados,
pois aquele instituto deu um peso muito maior aos eleitores com nível superior
do que aquele que é dado pelo TSE.
Segundo o diretor do Datafolha, seu instituto usa
outra amostragem porque a amostra do TSE, segundo ele, seria “defasada” em
relação à realidade atual. O senhor concorda com ele?
Marcos Coimbra – Bom,
Eduardo, o TSE não tem uma atualização das estatísticas sobre o eleitorado. As
suas são baseadas no registro do eleitor ao se cadastrar ou se recadastrar como
tal na Justiça Eleitoral a fim de tirar ou renovar o título de eleitor. Nesse
sentido, acaba havendo uma sub-representação da parcela do eleitorado que
adquire mais escolaridade depois de se registrar na Justiça Eleitoral.
Porém, a amostragem que o Datafolha utiliza em suas pesquisas difere
alguma coisa da distribuição do eleitorado, a qual o instituto obtém através de
fontes censitárias como as PNAD (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio) feitas anualmente pelo IBGE…
Blog da Cidadania – Doutor
Marcos, então o Datafolha usa dados da PNAD, é isso?
Marcos Coimbra – Não,
não é bem isso. O Datafolha obtém no campo a escolaridade. Não vai para o campo
com uma cota de escolaridade, como o Mauro Paulino respondeu à sua indagação.
Eles têm apenas o sorteio de alguns setores censitários como o tamanho da
população distribuído por diferentes categorias de porte urbano e, em cada
setor, a cota é apenas de gênero e de idade. Então, o que eles têm é uma cota
em que o entrevistador [do Datafolha] é obrigado a fazer uma determinada
proporção de acordo com as faixas etárias e de acordo com o gênero, mas ele não
vai para o campo com uma cota de escolaridade ou de renda ou de qualquer outra
informação socioeconômica…
Blog da Cidadania – Mas isso não distorce a pesquisa? Porque,
na pesquisa Datafolha, a amostragem de eleitores com nível superior é bem maior
do que a do TSE.
Marcos Coimbra – É
ligeiramente maior… Quer dizer, que a do TSE é realmente muito maior, como você
diz, mas não muito maior do que no IBGE. A proporção no IBGE de eleitores com
escolaridade superior é um pouco menor do que a do Datafolha, assim como a
proporção de eleitores com ensino fundamental é maior. Mas concordo que a
amostragem desses dados não deve ser feita com base no registro do eleitor no
TSE porque esse registro é de fato defasado, pois, conforme o tempo vai
passando desde o registro do eleitor na Justiça Eleitoral, as pessoas vão
adquirindo mais escolaridade.
Blog da Cidadania – Sim, isso foi o que disse o doutor Paulino.
Nesse aspecto, então a argumentação dele está correta?
Marcos Coimbra – Sim,
mas o problema na amostra do Datafolha é a não representação da população
residente em zona rural. Essa população não é incluída nas sondagens do
instituto Datafolha e representa cerca de vinte por cento do eleitorado
brasileiro.
Ora, se nós estamos discutindo a imagem da presidente Dilma, a população
que reside em zona rural – que o Vox
Populi e o Ibope pesquisam – dá uma aprovação bem mais alta a ela do que a
população residente em zona urbana.
Mas também há outra discrepância na amostra do Datafolha, na
distribuição da população em pequenos municípios, com menos de cinco mil
eleitores, onde também é maior a aprovação de Dilma.
Então, a discrepância no nível de escolaridade do entrevistado pelo
Datafolha é menos impactante do que a discrepância nessas outras variáveis a
que me referi.
Blog da Cidadania – Então o problema seria quanto aos pequenos
municípios e à zona rural?
Marcos Coimbra – Explico
melhor: o problema é que nós, do Vox Populi, trabalhamos com a distribuição do
eleitorado e o Datafolha trabalha com a distribuição da população. Por isso é
que existe discrepância na representação da parcela residente em municípios
pequenos, porque a proporção de eleitores nesses municípios é desproporcional
em relação à população em geral.
Blog da Cidadania – Isso inclui a zona rural, também, que não
aparece…
Marcos Coimbra – A zona
rural, definitivamente, não entra na amostra do Datafolha. E existe uma
sub-representação de eleitores residentes em municípios de pequeno porte. Em
municípios de vinte mil eleitores para baixo, a representação no Datafolha é
inadequada.
Blog da Cidadania – Doutor Marcos, o Vox Populi vai fazer
alguma sondagem sobre a popularidade da presidente e sobre a corrida eleitoral?
Marcos Coimbra – Nós
vamos divulgar, nos próximos dias, uma sondagem feita em parceria com a revista
Carta Capital. Nós já fizemos uma primeira rodada no mês passado e agora
estamos fazendo a programação de campo para uma segunda rodada no final de
julho.
Blog da Cidadania – Sobre a pesquisa MDA, feita para a CNT e
divulgada nesta semana – e que apontou
quase a mesma forte queda de Dilma –, o senhor sabe se esse instituto usa
os parâmetros do Vox Populi ou se usa os do Datafolha?
Marcos Coimbra – Não
conheço a metodologia do instituto MDA. É apenas a segunda vez que esse
instituto divulga um resultado nacional. Até então, vinha fazendo pesquisas
regionais. [Nota do Blog: o instituto MDA só fez pesquisas para a CNT em
junho e em julho].
Blog da Cidadania – Seja como for, então o senhor entende que,
mesmo havendo uma queda maior ou menor, houve, sim, uma queda forte na
popularidade da presidente Dilma…
Marcos Coimbra – Nós
concluímos no dia 11 de junho aquela primeira pesquisa que fizemos em parceria
com a revista Carta Capital. Foi pouco antes de uma manifestação do Movimento
Passe Livre. Então, cerca de dois dias antes daquela manifestação, já se
percebia que estava ocorrendo um processo de queda na avaliação positiva do
governo e da presidente da República. Em grande parte, aquela queda vinha sendo
provocada pela deterioração das expectativas relativas à economia e pela
percepção de problemas no que se refere à inflação.
Antes de começar esse ciclo de protestos e manifestações, o governo
federal já estava enfrentando problemas de imagem. Em relação a outras
pesquisas nossas, a presidente já vinha enfrentando uma queda mínima de 10
pontos em praticamente todos os setores [Nota do Blog: setores
por escolaridade, renda, região, idade e gênero]
Blog da Cidadania – Mas doutor Marcos, o noticiário sobre
problemas na economia e a própria percepção das pessoas sobre problemas nessa
mesma economia não se alterou em maio ou em junho, é uma coisa que já se
arrasta há algum tempo. Agora, houve uma queda muito mais abrupta no espaço, vá
lá, dos 30 dias de junho. Até que ponto, então, o senhor acredita que as
manifestações aprofundaram e aceleraram esse processo de desgaste de imagem de
Dilma?
Marcos Coimbra – O que
ocorre é que o governo entrou nesse momento novo já fragilizado. É verdade que
essa fragilização se deveu muito mais à deterioração subjetiva do que objetiva
da economia brasileira. Um problema de certa forma crônico que há na economia
brasileira e com o qual convivemos desde o Plano Real, que é um nível de
inflação na casa de 4, 5 ou 6 por cento ao ano, foi transformado, por ação
política [especialmente da grande mídia], em um problema agudo, como se
estivéssemos atravessando um período de descontrole, descalabro, ameaça de
hiperinflação.
O alarmismo foi tão grande que, no começo do ano, começou-se a falar em
apagão elétrico, do nada…
Blog da Cidadania – Ou seja, o senhor atribui à mídia, ao
noticiário, um certo efeito de exacerbar uma situação que não chega a ser tão
grave?
Marcos Coimbra –
Completamente. Nós tivemos uma ação deliberada de desconstrução da imagem do
governo fundamentalmente a partir de uma crítica à política econômica que
acabou transformando a realidade em um cenário de problema agudo e
descontrolado.
Blog da Cidadania – Mas doutor Marcos, aí o que a gente não
entende é o seguinte: a mídia exacerba os problemas da economia há muito tempo,
desde o governo Lula. Por que só agora esse comportamento dos meios de
comunicação surtiu efeito?
Marcos Coimbra – Bom,
primeiro acho que tem havido uma dose “a maior” nessa “cartelização” de
opiniões sobre o problema econômico. E acredito que nós estamos chegando a um
ano de um período de maior bombardeio e de consequente mais intenso desgaste da
imagem do governo.
A coalizão governista, o Partido dos Trabalhadores e as lideranças do
Partido dos Trabalhadores começaram a sofrer, no meio do ano passado, com o
julgamento do mensalão, que se tornou um assunto obsessivo para a imprensa
brasileira. Do ano passado até agora, eu não tenho memória de um período
análogo durante o governo Lula. A não ser durante o período de 2005…
Blog da Cidadania – Exatamente…
Marcos Coimbra – Fora do
período de 2005, nem antes e nem depois Lula enfrentou um ano de desgaste tão
intenso quanto Dilma enfrentou do julgamento do mensalão em diante, com essa
sucessão de críticas à capacidade gerencial do seu governo e, agora, com essas
manifestações, vistas claramente, pela mídia, como um sinal de desejo de
mudança. E desejo de mudança obviamente que torna alvo quem está no Poder
central.
Blog da Cidadania – Eu só não entendo, doutor Marcos, é que o
problema de mobilidade urbana é um problema que tem muito mais relação com os
governos estaduais e municipais do que com o governo federal. E a polícia que
intensificou os protestos por conta de sua violência, da sua truculência em São
Paulo, é uma polícia controlada pelo governo do Estado de São Paulo. Ora, foi
essa polícia que fez essas manifestações adquirirem a dimensão que adquiriram.
Então, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, põe a polícia dele na rua
para bater no povo e a presidente da República é quem paga o pato?
Marcos Coimbra – Não,
quem paga é todo mundo. Também houve queda de aprovação de prefeitos e
governadores pelo país afora e essa queda tem a ver com uma distribuição mais
ou menos difusa de responsabilidades…
Blog da Cidadania – Mas a queda da presidente foi muito maior…
Marcos Coimbra – No
nosso sistema político, a presidente da República acaba sendo mais
responsabilizada. A população se acostumou a achar que “isso é coisa da Dilma”,
é “coisa do governo federal”. Enfim, é tudo “culpa deles” e nesse “deles” quem
se destaca é o presidente, ou, no caso, a presidente da República.
Blog da Cidadania – Agora o senhor veja uma coisa. Levantei um
dado muito interessante. A entrevista de Roberto Jefferson à Folha de São Paulo
em 2005, que foi o que detonou o escândalo do mensalão, foi publicada no dia 6
de junho daquele ano, e foi no mesmo dia 6 de junho deste ano que ocorreu a
primeira grande manifestação do Movimento Passe Livre em São Paulo.
Em 2005, a popularidade do presidente Lula foi
caindo desde junho até dezembro e já no comecinho de 2006 ele se recuperou e
venceu a eleição. Que paralelo o senhor traçaria sobre essa coincidência?
Afinal, é exatamente ao mesmo tempo de distância da eleição que surge um
terremoto político que causa exatamente o mesmo efeito na popularidade do
governo e na de seu – ou da sua – titular.
Enfim, o senhor acredita em recuperação da imagem
da presidente ou acha que vivemos um momento novo e que, por isso, não dá para
fazer esse link com 2006?
Marcos Coimbra – Bom,
primeiro acho que é semelhante, sim. Em 2005, as oposições políticas e civis
consideraram que o governo não conseguiria chegar a 2006 em condições
competitivas. Mas agora, conhecendo a experiência de 2006, acredito que não
voltaremos a ter uma coisa semelhante, no sentido de as oposições se acomodarem
e esperarem Dilma “sangrar” naturalmente. Elas insistirão na estratégia – ou em
uma soma de estratégias – de não dar trégua, de forma a não perderem a eleição
de 2014.
Temos que entender que a derrota no ano que vem seria muito complicada
para as oposições, porque significaria que elas chegariam a 2018 em condições
muito difíceis de disputa. Seria preciso até balizar com que nomes elas
chegariam até lá.
Assim sendo, como Dilma foi adquirindo popularidade muito alta, passou a
ser fundamental intervir o quanto antes para evitar que o cenário de uma
vitória dela em 2014 se consolidasse.
Blog da Cidadania – O senhor acha que essas manifestações foram
espontâneas ou o senhor vê uma estratégia política, uma utilização dessas
massas na luta para recuperar o poder?
Até onde se sabe, alguns partidos de esquerda como
o PSOL e o PSTU influenciaram as manifestações. Depois, essas manifestações
foram tomadas, praticamente, pela direita e, inclusive, por movimentos de
ultradireita, tais como neonazistas etc.
Haveria alguma estratégia política por trás das
manifestações?
Marcos Coimbra – Não
tenho nenhuma informação que comprove que tudo se deu a partir de uma
estratégia concentrada a partir de um núcleo político qualquer, mas isso não
quer dizer que as manifestações não acabaram tendo essa consequência de minar a
popularidade do governo. Porque, a meu ver, a grande maioria dos manifestantes
Brasil afora, o grosso dessas manifestações, sempre foi para o antipetismo.
Blog da Cidadania – Daqui até as eleições, que possibilidades o
senhor enxerga para o governo retomar a boa condição política que tinha até
meados de maio?
Marcos Coimbra –
Primeiro, nós temos um ano e alguns meses até a eleição. Em um ano, como já
vimos em governos anteriores, foi possível se recuperarem.
A questão é que os problemas não são basicamente econômicos. Os sinais
são confusos. Tenho visto, nos últimos dias, pessoas que não têm nenhuma
simpatia pelo governo ou pelo PT dizendo que é muito provável que tenhamos um
crescimento na economia deste ano bem maior do que o do ano passado. Assim como
é muito provável que tenhamos inflação sob controle até o final do ano.
Então, com inflação sob controle, pleno emprego, população com poder de
compra alto e crescimento melhor será muito difícil insistir na argumentação de
que o país está indo à bancarrota, que foi praticamente o tema desses últimos 3
ou 4 meses.
Além disso, a favor de Dilma tem um fator que é muito forte em nossa
cultura que é a inércia da reeleição. As pessoas refletem que é até possível
que este governo não seja o ideal, mas sabem que os outros políticos que
conhecem não fizeram muito melhor.
Blog da Cidadania – Só o que preocupa, doutor Marcos, é que não
se acredita que a população tenha sentido na pele qualquer tipo de problema
antes de ocorrer o terremoto político dos últimos meses. O emprego vem
crescendo há muito tempo. Até aqui, o país vem vivendo uma situação de pleno
emprego e crescimento da renda.
Então, a pergunta é: o que levou um setor da
sociedade – acho que o senhor irá concordar que foi uma classe social que foi à
rua e não “o povo” – a se manifestar não foi um sentimento de piora na
qualidade de vida.
A população em geral não perdeu qualidade de vida.
Ainda assim, comprou essa ideia de que o país estava indo mal. A queda da
popularidade do governo, então, pode ter sido causada por um pico de inflação,
aquela história do tomate, ou o que mais, de concreto, pode ter gerado tanto
descontentamento?
Marcos Coimbra – Veja
que não houve uma deterioração objetiva da economia, no sentido de as pessoas
sentirem problemas na pele. O que nós estamos falando é que foi construída uma
imagem – que é muito mais subjetiva do
que objetiva – de que o país estava “indo mal” e dois “sintomas” desse
“estar indo mal” vêm sendo o baixo crescimento da economia e o aumento da
inflação. E então esses dois temas foram insistentemente tratados por toda
indústria da comunicação nos últimos seis meses e isso teve efeito.
Não que as pessoas estivessem vivendo uma crise, mas ficaram com a
sensação de que as coisas estavam “indo mal”. Ficaram inseguras em relação ao
futuro imediato. É disso que estamos falando.
Além disso, a confusão que se criou em algumas cidades, isso contribui
para essa sensação de insegurança.
Você ver na televisão, ler no jornal, perceber através da internet que
tem gente dando tiro… Tem fogo, tem bala, tem fumaça, tem gente morrendo na
rua. Isso aumenta muito a sensação de insegurança também entre a parcela da
população que não foi para a rua e que não está vivendo uma situação objetiva
de piora da própria qualidade de vida. Isso faz a população sentir-se menos
satisfeita.
Essas pessoas já estavam inseguras com relação à economia, por conta do
noticiário, e ficaram mais inseguras ainda quando viram esse cenário que eu não
conhecia na história política brasileira a não ser nas manifestações contra a
ditadura em 1968, uma coisa remota.
Blog da Cidadania – Então o senhor entende que a mídia teve um
papel preponderante nessa, digamos assim, desmoralização do governo se valendo
de alguns fatos concretos como inflação, baixo crescimento. E o tiro de
misericórdia, então, teria sido a ida de um setor da sociedade – ou de uma
classe social – à rua, conferindo verossimilhança ao que a mídia diz. Seria
mais ou menos isso, doutor Marcos?
Marcos Coimbra – É, mais
ou menos isso… E, aliás, não é por outra razão que exatamente esses mesmos
veículos de comunicação se transformaram em defensores do povo na rua. Coisa
que jamais tinham sido vistas na história brasileira [...].
Assim, fica concluída a entrevista. Contudo, o doutor Marcos Coimbra
cometeu um engano na sua última resposta. Já existiu forte apoio da grande
imprensa a movimentos de rua, sim. Essa “grande imprensa” apoiou, com fervor,
as manifestações de rua que antecederam o golpe de 1964…”
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em
seu blog “Cidadania” (http://www.blogdacidadania.com.br/2013/07/diretor-do-vox-populi-afirma-que-datafolha-usa-amostra-errada/).
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